Monday, June 30, 2008

Ovelha Ronhosa

Um leitor do meu blog (que regista dois leitores assíduos) perguntou-me o que é que o meu apelido Costa tinha a ver com a minha ascendência beirã, referida em post anterior, pelo que me socorro de informação retirada do portal de trancoso onde se conta a história do ilustre Padre Costa.
Talvez o maior progenitor do país, foi um Padre, que gerou 299 filhos. A heresia ocorreu no século XV envolvendo o prior de Trancoso, de nome Francisco Costa, que levou à letra a citação de Cristo "Crescei e multiplicai-vos". E o homem assim fez.
Ao todo contaram-se-lhe 299 filhos, concebidos em 53 mulheres, sendo 214 raparigas e 85 rapazes. A sua capacidade reprodutora, assente numa libertinagem sem fim, chegou a ser condenada pelo tribunal da época. O Costa foi mesmo condenado, naturalmente com uma sentença "medieval". Seria arrastado pelas ruas públicas, preso aos rabos dos cavalos. Depois deveria o seu corpo ser esquartejado e deposto aos quartos, sendo que a cabeça e as mãos seriam depositadas em diferentes distritos. A cópia da sentença, proferida em 1487, está na Torre do Tombo.
Porém e sobre a sua condenação, o rei D. João II decidiu dar-lhe um indulto e perdoar-lhe, com o pretexto de que, à época, a região interior do país tinha poucos habitantes tendo pois o padre Costa contribuído de uma forma invulgar para o povoamento da Beira Alta. Foi em liberdade para casa a 17 de Março desse mesmo ano de 1487. Ainda hoje por aquelas paragens, grande parte das gentes usam o apelido "Costa" e o facto não evita "brincadeiras". -"Não serás descendente do Padre Francisco Costa?"
Não sei se descendo do padre, mas se o for, nitidamente sou a ovelha ronhosa desta familia.

Monday, June 23, 2008

E pronto já me fingi de culto ...

Aproveitei uma deslocação recente a Madrid para visitar o triângulo cultural de arte composto pelo Museu Rainha Sofia, o Museu do Prado e o Museu Thyssen-Bornemisza, além disso ia com o meu chefe e fica sempre bem parecermos cultos, e não avançar logo para as cañas.

Começo pelo fim surpreendeu-me o Rainha Sofia, desiludiu-me o Prado.

A minha classificação de arte baseia-se num princípio sagrado e comum aos grandes críticos, Onde penduraria na minha casa o quadro em questão?

Por ordem de importância (e de agrado) temos os quadros;

para a sala;
para o quarto (nitidamente a Maja Desnuda);
para o corredor;
para casa de banho
e em último lugar a Despensa (para afastar as formigas).

Munido, portanto, de um sistema de classificação universal e adoptado por uma qualquer norma, iniciei a visita pelo Museu Nacional Centro de Arte Moderna e Contemporânea Reina Sofia, tendo como principal objectivo ver uma exposição da Paula Rego.

Destaque: Picasso com uma sala dedicada a esse fabuloso Guernica;


Tive também o prazer de descobrir um Dali dedicado à minha humilde pessoa;


El Gran Masturbador (Salvador Dali, 1929)

E finalmente a Paula Rego, o que dizer da Paula Rego, no mínimo dificil, complicado, nalguns chocante, mas sempre descobrindo traços dum Portugal rural e pequeno para a sua arte.














Seguiu-se o Prado.

Estava cheio (e a um dia de semana à tarde), muitos turistas a falar alto e em grupos na frente dos principais quadros, não faltando os simpáticos japoneses a fotografar tudo que mexia (neste caso que não mexia).
Muitos quadros tipo feira do relógio, cenas religiosas, cruz, apóstolos, não faz propriamente o meu género (despensa com eles).

Quadros apresentando a realeza da época, duquesa feias, marquesas gordas, viscondes efeminados e príncipes marrecos.

Abro uma excepção a dois retratos apresentando princesas, rainhas portuguesas;

A imperatriz Dona Isabel de Portugal (rainha de Espanha, esposa de Carlos V e mãe de Filipe II)


E a rainha Santa Isabel, a do milagre das rosas (sim, não era portuguesa, era de Aragão)


Tive oportunidade de também dar uma vista de olhos no Playboy de outras épocas


Que me perdoe a brincadeira Francisco Goya com a sua fabulosa 'maja desnuda' (1797-1800)



Também de Goya a série de Pinturas Negras e que são um espanto (sem dúvida para expor na sala e em lugar de destaque)














Finalmente no último dia da presença em Madrid e já a fazer horas antes de ir para Barajas, chegou a vez do Museu Thyssen-Bornemisza.

Infelizmente, já cansado, não tive oportunidade de lhe dedicar a atenção merecida.

Mas ainda tive tempo de admirar o Leão de Alberto Durero (não sei porquê, faz-me lembrar, o simbolo sportinguista, leão, mas pouco, tipo fidalgo arruinado, a fingir uma bravura que esconde a sua degradação).



Também Wassily Kandinsky, principalmente da fase inicial da sua carreira.


Esta preferência vem de um filme com a Ashley Judd que utiliza obras de Kandinsky no decorrer do mesmo, tendo ficado fã da Ashley, perdão do Kandinsky.

Nitidamente a merecer uma visita mais cuidada em futuro próximo.

E pronto já me fingi de culto, posso voltar ao normal.