Friday, March 14, 2008

Já Que ...

Tendo uma costela de ascendência Beirã, a minha mãe é natural da zona de Viseu, e o meu apelido Costa confirma-o, recordo nesta época de Páscoa uma das tradições e costumes que mais aprecio. A Bênção Pascal em que o Padre e todos os habitantes da aldeia deslocando-se em procissão, visitam todas as casas, sendo recebidos por uma mesa farta e onde se destaca um belo queijo da serra servido em cima de uma fatia de pão-de-ló.
Uma pequena história ilustra este costume, e descreve uma família de prole numerosa e de grandes dificuldades económicas.
O Patriarca desta família em concluo com o padre e com o comerciante local apresentava, como todos, uma boa mesa onde não faltava um excelente e cremoso queijo.
Era evidente que o Padre sempre se desculpava e deixando a sua bênção deixava também intacto o queijo que posteriormente era devolvido ao comerciante.
Tudo corria bem até que um ano, o velho e conhecido padre foi substituído por um novato que não sendo conhecedor deste hábito, se serviu do queijo que lhe ofereciam.
Acto continuo o patriarca da família dirigiu-se à janela e gritou alto:
- JAQUE, JAQUE !!!
Desta chamada surgiu o filho mais velho que aproximando-se da mesa cortou uma generosa fatia de queijo.
Esta cena repetiu-se por dez vezes e a cada 'JAQUE, JAQUE' aparecia um dos filhos deste pobre homem os quais se iam servindo do belo queijo disponível.
Finalmente o Padre surpreendido lá conseguiu fazer a pergunta que lhe estava atravessada:
- Então o Senhor trata todos os seus filhos pelo mesmo diminutivo de Jaque?
Resposta pronta,
- Não Sr. Padre, JÁ QUE se encetou, então come-se.

Boa Páscoa