Monday, August 11, 2008

Ainda não perdi o jeito ...

Costuma ser nas férias que ponho a escrita em dia.
No entanto, seja porque a idade já não ajuda, seja porque o desejo também vai esmorecendo, seja porque a qualidade do ambiente lá por baixo vai-se degradando estas férias tenho escolhido dormir em vez de avançar.
O Eduardo bem me tenta convencer mostrando-me todas as suas qualidades e dando provas de um desempenho deveras invejável.
Ontem, lá me convenci, tenho de o fazer.
Comecei sem grande vontade e entreti-me nos preliminares.
Finalmente lá avancei para zonas mais profundas.
E lá estava, um buraco com boas perspectivas.
Avancei de cabeça, agarrei-me onde pude, a arma que disponho era grande para aquele buraco, pelo que tive de fazer algum contorcionismo, mas lá consegui enfiá-la.
Disparei demasiado rápido, mas mesmo assim, consegui.
Apanhei um Sargo de 2 Kg no meu primeiro mergulho nestas férias.
Afinal, ainda não perdi o jeito.





Monday, August 4, 2008

hay pollo asado

Estou de férias, e ao jeito de 'conta-me como foi' relembro um episódio antigo relativo a um período maravilhoso, era criança ...
Esta estória exige algum esforço de imaginação sendo de todo impossível para menores de 40 anos.
Recuemos a 1972, a uma família da pequena burguesia lisboeta, pai agente técnico de engenharia, mãe doméstica e duas crianças de 10 e 5 anos (eu e a minha irmã), não existe Internet, telemóveis e a televisão resume-se a dois canais (a preto e branco) e à série do franjinhas.
Em termos políticos estamos na era marcelista e Portugal é ainda um país fechado e isolado da Europa e de Espanha trazia-se caramelos e pirex verdes, a peseta custava 40 centavos e dizia-se que deste sitio nem bons ventos, nem bons casamentos (de ventos não conheço, de casamentos também não, mas não é por acaso que actualmente o meu chefe é espanhol e o meu cliente também).
Informação não existia (circulava de boca em boca) e ouve-se falar de um paraíso existente no sul de Espanha chamado Torremolinos (e muito antes do Verão Azul e da história do Chanquete e da Júlia) .
E é dessa forma que a família Pinto decide ir de férias para Espanha.
Sem saber espanhol (ou de forma mais correcta castelhano) e sem qualquer tipo de plano (a não ser que haviam de trazer caramelos).
A primeira fase da viagem leva-nos a Sevilha, hospedados numa qualquer pensão de segunda e o drama desenrola-se à hora da refeição;
Duas crianças para alimentar (e esquisitas) e uma ementa onde se lia
  • Chuletas de Cedro (Cedro na minha terra é uma árvore, lembro-me da minha mãe comentar)
  • Solomillo de Cordero
  • Brocheta de Rape (escuso-me a comentar, até porque não tinha idade para compreender)
ou seja, passámos fome ...
ao segundo dia, o meu pai, já meio em desespero, perdeu o amor às poucas pesetas que levava e fomos a um restaurante fino ...
a ementa era parecida, e depois de muita análise, mandou-se vir um Consumé de Aves, que se revelou um insipido caldo knorr, intragável e devolvido à cozinha,
eis, senão, que passa um maravilhoso frango assado, e nós logo em coro exclamamos, EU QUERO AQUILO !
O meu pai (com o seu maravilhoso feitio, que eu também herdei, de não perguntar nada a ninguém) lê diversas vezes a ementa com atenção e conclui;
Não há Frango assado, deve ter sido encomenda especial.
Ainda hoje o pollo é um dos meus pratos preferidos.
Boas férias.